
Um jeito de olhar o mundo como quem recolhe vestígios. Aquela atenção quase infantil que identifica padrões, aproxima figuras e vê sentido onde não deveria haver nenhum. INDEX funciona assim, como um catálogo íntimo do que insiste em permanecer.
INDEX
As imagens parecem simples à primeira vista. Gente parada, poses diretas, um clima de retrato antigo que não tenta convencer ninguém. Mas tem algo ali que escapa, uma coisa que não se resolve. São figuras que poderiam existir em qualquer praia, cidade ou década. Estão meio suspensas, meio arrancadas do tempo, como se aguardassem que alguém lhes devolvesse um contexto.
Não é sobre narrativa. É a necessidade de organizar o olhar. Classificar sem rotular. Registrar sem explicar. O índice vira um modo de sobrevivência, uma forma de manter o mundo próximo e ao mesmo tempo distante. Um inventário de presenças que não cabem em legenda alguma. O espírito das referências está ali, mas não domina. Um eco de tableaux pela pose que não é pose. Só isso, um jogo de presença e distância. Uma sensação de que a pintura observa antes de ser observada.
No fundo INDEX é guardar. Guardar o gesto, a postura, a luz que toca um rosto, o silêncio entre pessoas que não conversam. É transformar tudo isso em registro, não para explicar a vida, mas para lembrar que ela deixa rastros.
A série inteira funciona como um arquivo vivo. Cada pintura é uma entrada. Cada entrada é um ponto de contato. O índice não conta a história. Só marca onde ela poderia começar.













































































