
Surge do espaço que sobra quando a palavra falha. Um território onde o que importa não aparece de imediato. Aqui tudo vibra baixo, quase imperceptível, como se cada pintura fosse um gesto para proteger o que não se quer revelar.
NADA
A série inteira opera nessa borda entre sussurro e silêncio. As imagens parecem quietas, mas carregam uma tensão que não se resolve. Um quase som. Um quase gesto. Algo que tenta emergir e decide voltar para dentro. É nesse movimento contido que NADA se forma.
Não é sobre contar algo. É sobre sustentar a ausência. Guardar o que não cabe na fala. Cada obra parece nascer de um desvio, de um recuo, daquele instante em que o corpo hesita antes de dizer o que sente. Essa pausa vira matéria, luz, cor. O vocabulário é mínimo. Sibilo, Aporia, Meat Rack, Free Spirit, Contrition. Palavras que não oferecem respostas. Elas se comportam como portas entreabertas, abertas só o suficiente para deixar passar um eco. A série funciona assim, como uma coleção de instantes que perderam o volume, mas não a intensidade.
NADA captura esse estado raro em que o silêncio não significa falta, e sim presença. Um silêncio cheio. Um silêncio que segura o peso do que não foi dito. A pintura não resolve o enigma, só cuida dele.
No fim, NADA não é vazio. É reserva. É um lugar onde você escolhe o que fica escondido e o que pode ser visto. Cada tela guarda essa decisão. Cada imagem preserva o que não quer ser explicado. NADA é isso, um espaço íntimo onde a ausência fala por si.









































































