TRANSIT
As pinturas emergem de fragmentos, imagens herdadas, recortes, lembranças, citações. O corpo ainda não se afirma, mas tudo gira em torno do que o precede, o olhar, a história, a projeção. São pinturas que oscilam entre devoção e distância, onde a pintura observa, mas ainda hesita tocar.
As imagens deixaram de ser apenas matéria e começaram a carregar intenções. Cada pintura nasce de um fragmento encontrado, uma fotografia histórica, um retrato, uma lembrança sem rosto. Nesse conjunto, a pintura ensaia a figura sem anunciá-la.
Há uma tensão entre o arquivo e o desejo, entre o olhar que coleciona e o gesto que traduz. O artista pinta o que o mundo já viu, mas o faz como quem tenta reter algo prestes a escapar. São pinturas que observam de longe, mas impregnadas da vontade de tocar. Transit não é uma série, é uma travessia, o campo onde o olhar aprende a permanecer e a matéria começa a se reconhecer como imagem.
